Blog Ergo Sum II |
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sábado, junho 05, 2004
Haviam treze homens em um rio. Apenas um deles olhava a água. Apenas este sabia que morreriam afogados. Doze homens sorriam em suas intencionais torcicolos, olhando o sol se por. Em algum nível corporal, sentiam um frio crescente, ordenado, norteando. Mas gritavam e brincavam e jubilavam e viam o sol. Um deles enfim notou aquele que fitava a água e riu de seus alertas de morte enquanto a água ralentava os movimentos das pernas submersas, encolhia e desanimava os pênis submersos, enrugavam a pela das mãos submersas. A água do rio subia e a cada centímetro arrancava dos homens a capacidade de enxergar. Morreram os treze, sem poder respirar. Já era noite. E então, o que riu e o que viu trocaram palavras. De que adiantou - perguntou o primeiro - viver a vida vigiando impotente a água que subia? De que adiantou não ver o sol? De nada - respondeu o segundo (mas no fundo soube que era impossível ser diferente).
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